Com um motor intermediário de pegada mais forte, a ideia foi contar com alguns artifícios como o câmbio automático de nove velocidades, vindo dos Estados Unidos, e o sistema Start/Stop para tentar incrementar o consumo. Além disso, o próprio motor de alumínio utiliza um controle eletro-hidráulico de abertura das válvulas de admissão, comandado pelo gerenciamento eletrônico do motor, que melhora a eficiência da queima do combustível e reduz as emissões de escape. Os quatro pistões têm ainda altura reduzida e pinos flutuantes, além de um revestimento especial para reduzir o atrito interno.
Pelos dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, o 2.4 roda 5,9 km/l com etanol e 8,6 km/l com gasolina na cidade. Na estrada, as margens sobem para 7,4 km/l com o combustível de origem vegetal e 10,8 km/l com o derivado do petróleo. A nota de eficiência energética é “A” no seu segmento e apenas “C” no ranking geral.
Impressões ao dirigir
Entro na cabine e dou conta de dois botões a mais no painel. Estão lá os comandos dos inéditos sistema Start/Stop e a tecla “Sport”. Os primeiros quilômetros de ambientação com a Toro 2.4 são no “anda e para” e o primeiro deles entra em ação. O sistema Start/Stop, que promete economia de combustível até 20%, segundo a Fiat, desliga o motor quando o carro encontra-se completamente parado e o religa quando se encosta o pé no acelerador. Pode ser desabilitado a qualquer instante.
Já na rodovia, dou investidas no pedal para aguçar o novo motor Tigershark, pouquíssimo ruidoso. A moderna unidade de força é “espertinha” e cerca de 91% do torque já está disponível até os 2 mil giros. Mas não espere uma performance de tirar o fôlego, apesar do nome pomposo e de conotação vigorosa “Tigershark” (tubarão-tigre). O peso superior a 1.700 kg não ajuda. Situações de ultrapassagens e subidas são um pouco sofridas e é preciso afundar um pouco mais o pé no acelerador até vir a resposta esperada. Quero algo melhor e tento dar um “jeitinho” reduzindo a marcha através das aletas atrás do volante e…ok, pode ser. Será que é preciso ativar o botão Sport? Sim, ufa, melhorou!
Com o sistema ligado, a picape fica mais ágil graças ao mapeamento mais agressivo do pedal e à troca de marcha em uma gestão de giros mais elevada. A direção não sofre qualquer modificação com o modo “esportivo” que, novamente, é outro nome pomposo.
Com dois passageiros a bordo da Toro, o consumo preocupa: 7,4 km/l em uma viagem mista cidade/rodovia. Olha que contávamos com gasolina no tanque. Afora isso, na maior parte do tempo, o ar-condicionado automático de duas zonas estava desligado.
No mais, é a boa picape intermediária, um projeto revolucionário que levou o prêmio de Picape do Ano 2017 no início da semana. A posição de dirigir é muito próxima à de um carro de passeio, leva quatro passageiros com conforto, pula pouco – graças à estrutura monobloco e à suspensão traseira multilink – e tem um pacote de equipamentos bastante funcional. A versão estreante Toro Freedom 2.4 ganhou ainda capota marítima, retrovisores elétricos com rebaixamento para o auxílio em manobras e aletas para trocas de marchas atrás do volante.
Custo-benefício
De série, a Toro Freedom traz ar-condicionado, direção elétrica ajustável em altura e profundidade, sistema de som, controle de estabilidade e de tração, hillholder, entre outros itens. Ser uma versão básica tem seus problemas: a Freedom cobra R$ 8.363 extras pelo pack Pleasure Plus, que inclui faróis de neblina, apoios de braço dianteiro e traseiro, sensores de chuva e de luminosidade, retrovisor eletrocrômico, para-sol iluminado, cromados externos e maçanetas e retrovisores pintados, central multimídia Uconnect Touch Nav de 5 polegadas, navegador GPS, câmera de ré, seis alto-falantes, viva-voz e entradas auxiliares e rodas de liga-leve aro 17 calçadas em pneus de uso misto 225/65.
A lista de opcionais traz ainda itens “soltos”, exemplos do teto-solar elétrico (R$ 3.968) e barras no teto (R$ 453). Sem falar no pack de segurança, composto por airbags laterais, do tipo cortina e para os joelhos do motorista, oferecido junto com bancos revestidos parcialmente em couro por R$ 4.900. O preço da Toro Freedom 2.4 flex chega a R$ 116.414, muito próxima das rivais médias flex.
Vale a compra?
Em termos. A Toro é a melhor escolha em seu nicho e segue a mesma proposta de outros produtos da Fiat: ter versões e motorizações que ocupam cada brecha que houver na gama. Há opções para diferentes bolsos e gostos. A Freedom 2.4 Tigershark 4X2 AT9 é “salgada”, e de longe melhor que a Freedom 1.8 4X2 AT6. Mas o montante que as separa é de R$ 15.800 – “justificados” em equipamentos extras, além de motor e câmbio bem mais modernos.
A questão é que o modelo estreante custa o mesmo que a Freedom 2.0 Turbodiesel 4X2 manual – e a versão seguinte já é a Volcano Turbodiesel 4X4 AT9, por altíssimos R$ 124.550, a única diesel que conta com a caixa automática de nove marchas – e tem ainda a tração integral. É um raro caso em que a versão flex de uma picape encosta no valor pedido pelo turbodiesel equivalente. A decisão entre as duas configurações – 2.4 flex AT9 ou 2.0 turbodiesel manual – é uma questão de necessidade e gosto. Há quem prefira levar para casa um modelo automático em detrimento de uma unidade de força bem mais eficiente.
Dados da montadora
Motor
Dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, comando simples, flex
Cilindrada
2.360 cm³
Potência
186/174 cv a 6.250 rpm
Torque
24,9/23,5 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio
Automático, 9 marchas, tração dianteira
Direção
Elétrica
Suspensão
Independente McPherson na dianteira e multilink na traseira
Freios
Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus
215/65 R16
Dimensões
Compr.: 4,91 metros
Largura: 1,84 m
Altura: 1,74 m
Entre-eixos: 2,99 m
Tanque
60 litros
Caçamba
650 kg de carga e 820 litros de volume
Peso
1.704 kg